segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A Mestria do Dan Tian

Nosso autor convidado de hoje é o Shifu Jonathan Bluestein, professor das artes marciais tradicionais chinesas Xing Yi Quan e Pigua Zhang em Israel onde reside. É autor do afamado best-seller “Research of Martial Arts”, obra ainda não traduzida para português.

O Dan Tian é um tema apaixonante e que quase sempre gera um desejo grande de um maior esclarecimento. Como resposta a esse desejo da parte dos leitores do blog “Conselho de Mestre”, publico hoje este artigo fascinante e esclarecedor, escrito pelo Shifu Bluestein. O referido artigo foi traduzido e é publicado com a autorização do autor a quem agradeço a sua generosidade.

                                


O Dan Tian Gong nas Artes Marciais Internas

Esclarecimento: Neste artigo será debatida a zona do Dan Tian (丹田)inferior, também conhecida vulgarmente como “Tan Den” (丹田) ou Hara (barriga) em japonês.




                          

Existe um problema na discussão corrente sobre o Dan Tian na literatura das artes marciais. A maior parte dela é no mínimo ambígua. As pessoas caem na armadilha de usarem metáforas que tomam emprestadas da medicina tradicional chinesa, que não conduzem a um entendimento real da teoria das artes marciais. Outras vezes, as explicações são intencionalmente confusas de maneira a fazerem sentido apenas para “aqueles que estão por dentro”.

Este artigo não o vai ensinar a desenvolver a região do Dan Tian. Não é instrutivo. Isto não será também uma lição de anatomia. No entanto, tentarei elucidar em relação a muitas coisas que dizem respeito à função e treinamento do Dan Tian nas Artes Marciais Internas de uma maneira mais condutiva e coerente da que geralmente é encontrada em outros lugares.
      
                                     

Como devem saber, a zona do Dan Tian fica localizada no centro da barriga à altura de aproximadamente três dedos unidos horizontalmente por debaixo do umbigo. Acrescento que na prática efetiva, a zona usada como “Dan Tian” engloba a maior parte do conteúdo interno do abdômen entre o centro da zona genital e o umbigo.
É impossível não utilizar a zona do Dan Tian. A musculatura dessa região está envolvida na maior parte dos movimentos complexos que fazemos no dia a dia. Sendo assim, a zona do Dan Tian está ativa em todas as artes marciais. Aquilo que destaca as Artes Internas é terem métodos para o desenvolvimento de um controle refinado sobre essa zona, ou esse controle ser gradualmente adquirido através de seus métodos específicos.
O uso do Dan Tian não é o segredo “total-final-derradeiro” das artes de luta. É simplesmente um método adicional entre muitos outros. Os métodos Dan Tian são mais usuais do que a maioria suspeita nas variadas artes marciais, mas isso não é aparente, uma vez que por escrito, raramente são debatidos minuciosamente como neste artigo (que apesar do seu tamanho é apenas uma introdução ao assunto em discussão).

Dois dos objetivos principais nas artes marciais para o desenvolvimento do Dan Tian

1.      Um volante – Esta zona pode ser utilizada ajudando a conduzir os movimentos do resto do corpo. Mais tarde, será possível você se conectar ao centro de gravidade de outra pessoa e usar o seu próprio Dan Tian também para conduzir um oponente.
2.      Um motor – O movimento na zona do Dan Tian pode iniciar a movimentação de todo o corpo e também contribuir para que sejam geradas poderosos ondas de impulso (momentum) tanto por Rotação como por Vibração (voltaremos ao assunto).

Estes dois objetivos não são contraditórios. É suposto que o Dan Tian funcione suavemente tanto como um volante, assim como um motor. Existem outros bons motivos, não marciais, para o desenvolvimento de um controle refinado dessa zona, mas não os discutirei no âmbito deste artigo.

Os fundamentos
O Dan Tian Gong inicia-se com a respiração adequada, e isso vem antes do seu uso como volante ou motor. Sem que se aprenda a respirar profundamente e corretamente para a zona do Dan Tian, não é possível o seu “desenvolvimento”. Baixar a respiração para esta área é simples e pode ser ensinado em menos de um minuto à maioria das pessoas. No entanto, manter esse tipo de respiração por longos períodos de tempo, pode se revelar incrivelmente difícil de nos acostumarmos, especialmente em movimento. É por isso que nas Artes Internas temos exercícios semi-meditativos como o Zhan Zhuang (Postura de Estaca), Caminhada em Círculo e Enrolamento de Seda, que permitem ao corpo acostumar-se a uma respiração correta e a manter uma estrutura marcial sólida e bem conectada.
Somente depois de a respiração Dan Tian ter sido assimilada pelo praticante, poderá ele ou ela começar a sentir essa zona melhor. A própria tentativa de respirar melhor cria mais terminais nervosos nessa região e aumenta nossa sensibilidade em relação a ela. Isso leva tempo, entre meses e anos. O estágio mais avançado da respiração incluirá:

- Respiração Invertida: Aprender a expandir o Dan Tian enquanto expiramos e esvaziá-lo enquanto inspiramos (o inverso de nosso padrão de respiração natural) e o seu seguimento natural:

- Empurrar o Dan Tian: Empurrar ar para dentro do Tan Dian enquanto emitimos Fa Jin (poder explosivo), para adicionar força aos golpes. Nisso está também incluído o benefício da proteção do abdómen no local em que seja atingido durante nosso ataque, e com o “timing” correto (algo que não pode ser planejado com antecedência), pode fazer com que o oponente atacando nossa barriga seja empurrado para trás ou mesmo quebre sua mão. Este mecanismo não está necessariamente envolvido em todos os nossos movimentos ou ataques.
Infelizmente, após este estágio a maioria dos praticantes não segue em frente, tanto por não terem tido a paciência suficiente, como por não terem tido a sorte de encontrar um professor com um maior conhecimento.

Para além da respiração

Após ter decorrido o tempo suficiente, o corpo do praticante estará alinhado de uma forma superior. Como o “momentum” atravessa de uma maneira mais eficaz uma estrutura desse género, o Dan Tian pode agora exercer o seu controle e adicionar sua contribuição específica.

Rotação do Dan Tian

Esse é o método Dan Tian mais comum. Envolve a movimentação da zona do Dan Tian de forma muito semelhante, e em aparência é semelhante (apesar de não idêntica) à respiração Nauli do Yoga. Agora o Dan Tian, que é sentido como uma grande bola, é movido de forma circular. Pode rodar para a esquerda e para a direita, para cima e para baixo e na diagonal. Os círculos são usados como iniciadores de movimentos de corpo inteiro e para acrescentar ímpeto (momentum) a esses movimentos, consequentemente funcionando como “motor”. Ao mesmo tempo, os círculos executados com o Dan Tian são coordenados com os movimentos circulares do resto do corpo, sendo assim também um “volante”, como o volante de um automóvel manobrando à distância as rodas.
Uma pessoa tocando a barriga de um praticante experto sentirá o seu Dan Tian como uma bola rodando. À medida que nossa perícia aumenta, o ponto central da rotação se vai tornando mais e mais pequeno. No início, quando isso é apenas aprendido, todo o abdómen é sentido de uma forma desajeitada. Anos de prática podem levar a um nível de controle que pode encolher o tamanho do ponto central sendo manipulado até ao de uma medalha, e eventualmente até à dimensão da ponta de um dedo. Isso ocorre com o tempo, o praticante requer menor movimentação partindo dessa zona para gerar a mesma quantidade de controle e momentum.
Os métodos mais vulgares para o desenvolvimento da rotação do Dan Tian envolvem a movimentação das mãos de forma circular juntamente com o corpo, respiração correta, e lentamente permitir que o Dan Tian assuma o controle.  Isso é muito visível em exercícios como por exemplo o “enrolamento da seda” do Chen Tai chi Quan e o “macaco agachado” do Dai Xin Yi. O Dan Tian reage naturalmente melhor ao movimento circular que ao linear. Atrevo-me a dizer que métodos como o Tsuki do Karatê e o Uppercut do Boxe não são ferramentas que conduzam ao desenvolvimento do Dan Tian (o que está muito bem, pois têm outros usos). Outro requerimento para que esse processo ocorra é o movimento lento, que é outra característica eminente enfatizada nas Artes Internas. O controle sobre o Dan Tian é um subproduto do Yi (intenção  mental direcionada), e o Yi não pode ser centrado em nenhuma zona quando a movimentação é muito rápida.


Vibração do Dan Tian 

Em variadas linhagens do Xing Yi Quan e do Baji Quan, os métodos de treinamento da vibração do Dan Tian são conhecidos como Tuo Tuo Gong. No Wu Zu Quan, métodos similares fazem parte do “Estremecimento do corpo e vibração dos ombros) do (Yáo shēn dǒu jiǎ 摇身抖甲). Esse último tem muitos exemplos em vídeo disponíveis online.
Esse método é bastante menos comum que o precedente. Em essência, vibrar a zona do Dan Tian é realizar círculos muito rápidos e apertados. Para fazer isso, o pré-requisito é uma habilidade prévia em rodar o Dan Tian a um nível aceitável. Usando as vibrações do Dan Tian, as partes externas do abdómen não se movem de maneira pronunciada como na utilização do primeiro método. Em vez disso, a parte interior da zona do Dan Tian é girada.
No início, a rotação da parte interna do Dan Tian é iniciada pelas pernas. Então, o praticante aprende a pegar essa rotação inicial, e os pequenos músculos dentro do abdómen, assim como outros músculos que envolvem a coluna, para manter a rotação vibrando e acelerá-la. Na medida em que o interior acelera, todo o corpo estremece e absorve as vibrações. Assim que o corpo assume as vibrações, pode juntá-las à onda de ímpeto (momentum) lançada em um golpe, projeção ou chave, e usar isso para aumentar a eficácia do resultado final. Outros benefícios são que o oponente é menos capaz de absorver a rotação, muito menos uma vibração rápida, e que a natureza reciclável dessas vibrações pode reabsorver um golpe falhado ou um contra-ataque e torná-los menos penosos para o nosso corpo. Com antes, isso é tanto um motor quanto um volante.
Fica fácil diferenciarmos os dois métodos se pensarmos em uma bola cheia de água. O primeiro método tem mais que ver com a rotação e a movimentação da própria bola, que tende a ser relativamente mais lenta. O segundo método tem que ver com a rotação rápida (vibração) da água dentro da bola. Outra metáfora muito válida seria a de uma powerball (esfera giroscópica fisioterapia), e aqueles que já usaram um aparelho assim podem fazer uma analogia entre o seu funcionamento e as descrições que eu fiz.  

                   

Outra diferença que preciso ainda de falar é que para vibrar o Dan Tian é necessária não só uma capacidade funcional para rodar essa zona, como também uma estrutura bem conectada. Vibrar o interior do Dan Tian pode ser ensinado a iniciantes. No entanto, enquanto seus corpos não se comportarem como uma unidade, o ímpeto não será transmitido do Dan Tian para o membro atacante (motor ineficiente). Diferentemente do primeiro método, o segundo método não pode ser treinado a uma velocidade lenta e é mais fácil de ser treinado em uma postura estacionária (como a prática do Zhan Zhuang) em vez de em movimento.
Um método adicional para o treinamento tanto das rotações do Dan tian como das vibrações do Dan Tian é através do uso tanto de longas varas de madeira ou de lanças. Desenhar círculos no ar com essas armas é muito útil para essas práticas, pois o efeito de alavanca que geram aciona nossa musculatura interna e naturalmente desperta a ação do Dan Tian. Alguns movimentos específicos da lança como o Lan-Na-Zha são mais eficazes que outros no desenvolvimento dessas capacidades. Uma vez que o praticante consiga usar o Dan Tian Gong, este também pode ser aplicado com outras armas.
Quando treinado adequadamente, o Dan Tian Gong pode ser incorporado na maior parte de nossos movimentos (em pé, ajoelhados ou mesmo sentados). No que diz respeito a seu uso marcial, o nível mais elevado dessa capacidade é a combinação eficaz de ambos os métodos Dan Tian. Isso é, ter o Dan Tian rodando fortemente a ao mesmo tempo vibrando em seu interior e fazer com que esses micro-movimentos conduzam e se conectem com o resto do corpo.

Para quem possa estar interessado fica o link do site do Shifu Jonathan Bluestein relativo ao seu livro "Research of Martial Arts" http://www.researchofmartialarts.com






quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Início

É com alegria que dou início a um novo blog com um artigo escrito pelo Shifu Neil Ripski. O artigo foi traduzido e é postado com sua autorização. O Shifu Ripski é um discípulo formal do estilo da família Ma de Ba yin quan (Punho de Oito Sombras) também conhecido como Ma Jia Quan (Punho da Família Ma) e se especializou e tornou reconhecido pelo seu Ba ying Jiu/zui quan 醉拳 (Boxe Bêbado) que nos dias que correm ensina internacionalmente. Todo esse treinamento foi feito sob a direção de seu falecido professor Ma Qing Long 馬青龍 .







Disforme, Desestruturado & Bêbado.



O estilo bêbado de kung fu é um treinamento sistemático de alto nível, concebido para libertar o artista marcial de velhos hábitos e expandir seu vocabulário no sentido de uma forma de expressão verdadeiramente espontânea. A habilidade de nos expressarmos livremente em combate é, está claro, um alto ideal observado em quase todas as artes marciais, o cálculo frio dá lugar a um método de movimento mais fluido e apropriado ao atingir um nível elevado de treinamento. Mas, o problema com as artes marciais é que as pessoas tendem a ficar presas na ideia da “sua” arte ou estilo. Têm a necessidade de sentir a expressão da arte que deve se assemelhar fielmente à maneira como se treinam. Mas, se dermos uma olhada interior cuidada em nossas artes veremos que o treinamento a que nos sujeitamos não é o mesmo que os ideais que nos foram apresentados por nossos professores.

Por exemplo quantas vezes ouvimos um professor censurar os alunos por não estarem relaxados suficientemente? Fang Song ou o estado de tônus relaxado, por vezes comparado a um arco esticado, não é aquilo que geralmente vemos nos iniciantes estudando nossas artes. Tensão, rigidez e uma técnica sem mácula são a norma. Assim, para observarmos este aparente paradoxo, temos que dar uma olhada aos ideais em nossas artes versus os métodos com os quais adquirimos a perícia para atingir esses ideais. Se nossa ideia é atingir uma expressão de movimento livre e espontânea em nossas artes, temos que atingir um nível muito elevado antes que isso seja alguma vez possível, fisicamente, mentalmente e filosoficamente. Para começar, vamos dar uma olhada na causa da pedra de tropeço de muitos alunos que é a pureza da técnica.

As técnicas são avaliadas pela sua pureza tanto nas escolas para graduação na passagem de faixa mas também em cenários de competição. Um início e finalização sólidos da técnica são o objeto da atenção dos juízes assim como a forma da técnica finalizada. Apenas com esses critérios podemos ver que ao aluno é pedido o refinamento do seu movimento através de muitas repetições e correções para que adira a um certo padrão. É aqui que podemos observar os muitos anos de trabalho esforçado por que o estudante passou no aperfeiçoamento da aparência exterior de uma técnica. Por exemplo, no simples soco direto conhecido como soco de arremetida no Karatê ou o Tigre Negro Rouba o Coração no Kung Fu chinês, pomos nossa atenção em uma série de coisas que devem estar em seu lugar. O braço deve estar estendido partindo do ombro ou do coração, o pulso deve estar direito, para que os ossos compridos do antebraço (rádio e cúbito) estejam alinhados com os nós dos dedos da mão, o cotovelo ligeiramente dobrado, o ombro assente em sua cavidade e a omoplata posicionada na direção da cintura e sem ficar saliente. Uma lista de requisitos muito alcançável e muitos, muitos estudantes aprendem essa técnica cedo em seu treinamento e ficam familiarizados com ela. Mas o problema que se levanta aqui é, antes de mais, que a estrutura da técnica se torna mais importante para o estudante que os motivos para essa estrutura. O desempenho da técnica em competição e em testes de graduação se tornam o motivo para a criação de um certo efeito visual, em detrimento da demonstração de um verdadeiro entendimento da técnica. Esse é o primeiro problema.

O segundo problema é que o aluno é recompensado pela repetição da estrutura da postura com prémios em competições ou graduações em sua escola, levando para casa que a aparência exterior é o mais importante de tudo. Se isso é levado muito seriamente em seu íntimo, o estudante acaba colocando um limite em sua progressão na arte devido à importância colocada nas aparências externas de seu movimento. É aqui que presenciamos onde a maioria dos artistas marciais se colocam nas artes tradicionais, museus animados das artes marciais e não exemplos vivos das mesmas. Temos de uma maneira compreensiva reparar que as metas não estão sendo atingidas somente através desse tipo de treinamento. Mas então qual é o resultado que estamos buscando em nossos alunos e em nosso próprio treinamento?

Se o resultado a um nível elevado de treinamento nas artes marciais é a ação livre, totalmente espontânea e maleável ao momento, então porque estamos treinando nossos alunos a serem mestres técnicos do movimento? Porque quer a ação seja totalmente livre ou mecanicamente ensaiada os padrões aplicados à sua fisicalidade devem permanecer os mesmos. Os ossos compridos no braço devem se alinhar com as armas para criar uma transferência de força e apoio. O ombro deve estar assente em sua cavidade de forma a transferir poder e reduzir as chances de deslocamento, quer por uma força de chicoteamento extrema no soco ou pelo bloqueio e puxão executados por um oponente. Cada requisito tem sua razão e ideais bem investigados e pensados para sua adesão, mas isso não significa que a forma final da técnica deva ser limpa e perfeita! Significa que durante a expressão livre e espontânea da arte, quando é apropriado, a  técnica surge e cumpre seus requisitos pouco importando sua aparência. Assim, em sua essência, a técnica de um iniciante aparenta ser muito mais perfeita que a de um mestre. No entanto, os movimentos de um mestre têm qualquer coisa que fica difícil de articular por palavras. Observar um velho Mestre executando o soco Tigre Negro Rouba o Coração parece ter um toque de desleixo que o acompanha. Nas mentes da maioria das pessoas que assistem à demonstração da técnica a um nível tão elevado, se lhes for perguntado candidamente, reponderão com comentários sobre a idade do Mestre e de como as coisas se modificam nos dias de nossa velhice. Como o corpo começa a se deteriorar e assim por diante. Em muitos casos essa é exatamente a resposta para que a técnica do Mestre pareça desleixada e pouco cuidada. No entanto, não é sempre o caso.

O verdadeiro movimento de alto nível perde sua forma refinada mantendo todos os princípios importantes de base na técnica. Esse é o Mestre que aparenta ter suas artes marciais muito descuidadas na visão do jovem iniciante, mas que se sente mais poderoso, rápido e aguçado que qualquer jovem praticante. Parece mágica mas isso é somente porque o mestre compreendeu todos os princípios em funcionamento na técnica a um nível profundo, e concluiu que “Como” cada um se treina nas artes marciais e “O Que” está verdadeiramente treinando são duas coisas diferentes. Essa é uma das coisas mais elusivas e difíceis para um estudante das artes marciais entender, mas não fazer um esforço para o entendimento dessa ideia é incorreto e limita o possível alcance no treinamento ao  longo de sua vida. A maior parte, se não todas as técnicas de artes marciais, quando as treinamos como um iniciante, não são de todo aquilo que aparentam ser para nós.